sábado, 4 de setembro de 2010

Ainda é sábado

Momentos derradeiros do sábado.
Posto aqui um texto do meu cotidiano e ainda parodio Drummond;
Entenda quem lê.


Limiar da solução

Preciso ler livros, tocar violão, preciso correr pelo cais.
Preciso saltar de pára-quedas, escalar uma montanha e voar num balão.
Preciso recordar, sobreviver, preciso sonhar e voltar à realidade.
Necessito estudar, comer no ver-o-pesinho, resolver problemas.
Preciso observar porque as contas matemáticas são intituladas problemas.
Já que problemas seriam mesmo se não houvesse solução.
Disponho sentir saudade, escrever, discutir e amar.
Necessito estudar, trabalhar e solucionar problemas.


ps: lats

domingo, 22 de agosto de 2010

De volta

Hoje eu faço aqui uma postagem simples para marcar a volta do Cardesir. Pretendo escrever um texto a cada semana, preferencialmente aos sábados.

Aproveito também para fazer o convite para o lançamento da antologia do I Prêmio Proex de Literatura. Neste livro está contido um poema meu chamado Modernidade. Será na quarta-feira dia 25 (17 horas) no Hangarzinho, na UFPA.
Sem mais, vamos ao texto.


Rotina


Vivo horas por dia,
Estudo dias por semana,
Ando meses por minuto,
Prescrevo datas, portanto.

Perco horas por briga,
Sonho vidas por ano,
Emagreço por segundo,
Guardo gole pro santo.

Vagabundeio por convicção,
Entendo frases por livro,
Insono horas por noite,
Me* compreendo dormindo.

Perco sangue por vôo,
Enlacro besouros por pote,
Enrugo a testa por morte.
Exponho loucuras à sorte.

Tenho alegrias por ela,
Barulho por toda vida,
Palavras por temporada,
Meu amor por demasia.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Eu não quero ser egoísta

O Cardesir abre uma exceção de postagem no recesso pois o que eu vi eu preciso socializar.

Na noite anterior havia assistido na TV aberta uma reportagem sobre a burocracia na adoção de crianças no Brasil e o insistente impedimento-preconceito de adoção de crianças por casais homossexuais. Com essas informações chegamos ao foco do assunto do qual quero tratar. Desculpem-me se alguns não enxergam a poesia através disto. 
Disto: A necessidade do ambiente familiar.
Esta análise é de alguém que mesmo sendo ainda um pouco preconceituoso e sem medo de admitir, tenta buscar melhorias para a sociedade.
Saiba que o número de casais heterossexuais que querem adotar crianças é superior ao número de crianças que necessitam de adoção. O problema está na exigência destes pais em potencial. A maioria busca filhos com a mesma cor da pele e com idade abaixo dos três anos.
“Pais” que tem à sua disposição a oportunidade de conceber uma “família” e a desperdiçam por caprichos e preconceitos. Abordagem esta que serve como base ao que quero levar às suas reflexões.
Em contrapartida estão os casais homossexuais que tem um “declarado” impedimento na adoção de crianças. Os argumentos estão mais do que decorados: do ponto de vista padrão-político os homossexuais ainda não podem obter certidão oficial de casamento dentro do país.
Do ponto de vista retrógrado-religioso a criança necessita de uma visão paterna e materna na sua configuração caseira. E na visão religiosa só esta junção de pai e mãe constitui “família”, o que em tal ponto de vista desqualifica tais casais.
Esqueçamos a opção sexual e levemos em conta a educação, a possibilidade de transmitir carinho e atenção, a capacidade psicológica do candidato na criação, na  transmissão de valores justos e dignos e a capacidade financeira para conduzir um lar.
Aproveitemos e esqueçamos neste caso este conceito retrógrado de “família” e busquemos a formação de um lar digno para nossas crianças.
Elas são o futuro e apesar de sermos uma geração condenada ainda podemos salvar a geração futura. Condenada pois não temos um convívio político de que possamos nos orgulhar, mas o que mudará isso será a educação - cura todos os problemas. Não curemos as conseqüências, mas sanemos as causas.
Enfim me digam, se milhares de crianças tornam-se adolescentes e formam-se adultos em abrigos e orfanatos quando não em reformatórios onde está a visão paterna e materna dentro destes lugares? Porque não permitir dignidade de um lar para essas crianças?
Nosso preconceito evolui tanto que passamos a ser egoístas com direitos que não nos pertencem.
ps: Abraço a todos, e de volta ao recesso.
Nos vemos em meados de agosto.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Recesso do Cardesir

Primeiramente gostaria de pedir desculpas a todos que oferecem suas mentes abertas às mensagens deste blog por alguns minutos de um dia por semana, pois me ausentarei por certo tempo das postagens. Como alguns devem ter percebido, já há algum tempo eu tenho falhado com postagens semanais. Preciso acertar algumas coisas neste tempo de recesso, usarei parte de Julho, que não terei férias, para isto.
No mais, todos saberão quando o Cardesir reinaugurar. Desculpem os transtornos e permitam suas divagações, seus pensamentos e seus vôos sempre, mesmo sem estes textos. Mas se por acaso algo lhes faltar como leitura eu lhes indico o LEIA NO VERSO (leianoverso.blogspot.com).
Att,

Tércio Cardesir Moreira

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Aquele tempo tinha uma outra cor

As perguntas óbvias não merecem resposta, Isso justifica o meu silêncio quando me perguntaste sobre amor.
Saíste, decidi não mais te ver,
Então ao ir lá fora, me contentei em ver tudo no mesmo lugar,
Na verdade não mudaste meu mundo.

A verdade é que escolhi me enganar,
Aquele tempo tinha um outro cheiro, uma outra cor.
Depois de ti tudo é diferente,
Somente o verão continua verão somente.

Minto por escolha, mas se digo isso é porque tenho de dizer.
As gotas de chuva se deixaram amargar.
O chão se permitiu esquentar.
As noites decidiram entediar-me.

As coisas já não são as mesmas meu bem.
Quando olhei em volta,
Deveria estar ocupada com os cadarços do teu all-star,
Pois não te encontrei, e agora
Somente o verão continuará verão somente.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Contramão

Bon jour aos leitores deste blog. Hoje eu posto um texto diferente, um texto de um amigo meu.
Em comemoração à estréia do blog "http://www.leianoverso.blogspot.com/" parceiro nosso, de responsabilidade de João Alho.
Eis o texto:



"Você que insiste


em negar e empinar o nariz,


vê, por favor, que se perde


um momento mais feliz.






Você que persiste


em argumentar que não quer mais,


larga dessa ladainha


de que não sou um bom rapaz.






Você que nega,


não sabe como dói na carne


um sorriso tão belo


com um "não" a ilustrar-lhe.






Você que decide,


com a cabeça, mas não com a razão,


não vê como é linda e triste


a poesia da contramão."



João Alho - Copacabana, 2010

domingo, 9 de maio de 2010

Mãe não erra.


Hoje é dia das Mães e eu preciso dizer ``Mãe, saudade, te amo``.

E se um dia alguém perguntar porque escrevo, aqui eu respondo postando um poema que meu falecido avô escreveu e que é o mesmo que está contido na imagem acima com sua própria letra, dedicado ao dia das Mães. Agora um breve histórico sobre Raimundo Moreira.
Carpinteiro de raízes portuguesas, pai de 10 filhos e que apesar de não ter tanto domínio da pena (escrita) tinha íntima relação com a poesia.

14/05/89
Segundo domingo de maio é a data que vai chegar
Dedicado as mães querida pra gente comemorar
Dando os nossos parabéns pra Maria e Lucimar
E pra todas as mães do mundo do nordeste e do Pará.
Nesta data nós estamos bem longe dutros filhos
Que estão lá no Pará.
Estamos no nordeste morando com Vardenir e seos filhos e Lucimar.
No utra data não sei poronde estamos se ainda nós escapá.

Raimundo Moreira


E agora o meu poema para minha MÃE:

Eu não guardei minha saudade para o segundo domingo de um mês qualquer.
Eu converto saudade em amor, todos os dias que estou longe.
Eu não quis ser médico, nem meu irmão advogado, nem minha irmã odontóloga.
Mas ela continua mãe. Ali, nessa situação incondicional.
Eu me contraponho e digo: MÃE não é condição, é estilo de vida.
E é o que a magnifica, pois ela pode escolher.
Minha mãe é meu porto seguro, tudo conspira segurança e certeza perto dela.
É como quando ela me pegava nos braços,
Chamava-me por um apelido carinhoso e me fazia cafuné.
Minha mãe é forte, mas já lhe dei amparo, minha mãe é única mesmo sendo várias.
Aprendi o que é saudade quando fui longe dela morar,
E não digo isso pela minha comida sem graça e nem pela casa a limpar.
É porque quando a vejo é como quando eu me feria e ela curava a dor ao assoprar o ferimento.
E assim a presença dela assopra a saudade, a insegurança e tudo mais para longe de mim.
Minha mãe é linda, educada e divertida. Minha mãe é solidária, consciente e amável.
Minha mãe foi tudo que eu precisei como mãe. Eu não preciso entender mas agradecer.
Mãe é um ser incorrigível, pois mãe não erra. MÃE ama demais.

domingo, 18 de abril de 2010

Somos amigos

Este texto é uma edição de um poema que escrevi para uma grande amiga.
Mas acho que se encaixa aos meus amigos tão distantes. Abraços Maitê.
Saudades amigos.

Eis o texto:

Apesar de sermos diferentes, apesar de termos gostos diferentes, somos amigos.
Apesar de não nos vermos muito e nem de nos falarmos tanto, somos amigos.
Eu já nem sei o corte que tu estás usando, nem a gíria que tu estás falando, no entanto somos amigos.
Não frequento os mesmos lugares e certamente não discuto os mesmos assuntos.
Não participo das mesmas conversas, nem ando pelo mesmo caminho.
Tantos conhecidos já não temos em comum e nem os mesmos problemas.
Já deve fazer meses que não te faço rir e semanas que não vejo teu sorriso.
Agora faz meses que não te intitulo um apelido carinhoso, que não te dou um abraço apertado.
Já faz tempo que não aperto teu nariz e que guarde teus segredos.
Semanas sem te dar conselhos e sem respirar contigo.
Mesmo que passem anos, vidas, reconciliações, pessoas, sucesso, saudade, sorrisos.
Talvez passem décadas, vidas, brigas, lágrimas, amor, dinheiro e saúde.
Apesar de tudo. No entanto, somos amigos.

sábado, 27 de março de 2010

Eu me apaixonei pelos olhos dela

Eu me apaixonei pelos olhos dela.
Mas não me indague a razão.
Da razão não falo, falo dos olhos puxados.
Pois o que menos vejo é vazio naquele olhar.

Neles eu vejo sinceridade e o que há de melhor em mim,
A minha alegria e a minha honestidade.
E esqueço-me da política e do cotidiano.
Pois quando ela sorri, os seus olhos também sorriem
E é como tudo também sorrise.
E todo mundo e todas as coisas se tornam perfeitas,
Cada qual com seu defeito.
Pois sem falha não há perfeição.

Nos olhos dela eu vejo o início e o meio,
O fim e o começo numa ordem transversa.
É como se eu terminasse e logo após começasse
Ali naqueles olhos puxados.
Tudo sem explicação.

domingo, 21 de março de 2010

Seria injustiça?

Seria injustiça por meu sono em primeiro plano?
Pois bem,
O meu sono é como a justiça.
E como tenho tido insônia!

Nesse caso não há intermediários.
Eu advogo em minha causa.
Tenho perdido causas importantes,
Passado noites em claro.
Meu sono está de recesso.

Mas às vezes tenho vitórias e até mesmo sonhos.
Acontecem em uma noite black-tie,
Em uma noite engravatada.
Mas eu tenho tido noites-pobres;
Noites-desavergonhadas; noites-populares.
Noites comuns à maioria.
Pois a justiça é como meu sono.
E como tenho tido insônia!

sábado, 6 de março de 2010

Mundo Convencional

Há quem chore de tristeza.
Há quem chore de alegria.
Eu chorei de raiva.

Mundo convencional, corriqueiras evidências.
Hoje eu não almocei, mas me cobram pontualidade.
Mundo convencional, eu chorei de raiva.

Marcas de unha na palma da minha mão.
Pois nosso rateio garante a qualidade da vida,
Da boa-vida dos nossos carrascos.

Guilhotinam o montante para nossa miséria.
E hoje nem jantei, mas me cobram honestidade.
Mundo convencional, eu chorei de raiva.

Pois pago o terno do meu assassino.
E hoje eu não acordei, mas me cobram mensalidades.
Mundo convencional, eu chorei de raiva.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Hoje eu posto aqui a minha poesia que foi premiada em quinto lugar no "1º Prêmio Proex de Literatura" promovido pela Universidade Federal do Pará em âmbito estadual.
Agradecimentos sinceros à Nicolly Maia e Thiago Moreira pela presença à cerimônia de premiação.

Modernidade

Quando morrem os sonhos,
Morrem os poetas.
Queimam-se as folhas,
Cinzeia o livro.
Tira-se uma parte,
Desfaz-se o todo.
Estanca a nascente,
Dissipa-se o rio.
Pois é de chuva que se faz o inverno.
E é por ouro que se faz caridade.
Assim o Amor - invenção da dor -
Antonimia a Morte, astúcia do Tempo.
Assim a cor, ilusão da luz,
Cria razões aos que sentimentam.
Assim a inveja, arma dos fracos,
Destrói o amor e a honra e a dignidade.
Acabam-se a lucidez, a compaixão e a sensibilidade.
Esvai-se a Paz.
Vive o homem.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Primeiramente desculpem pela não-postagem da semana que passou.
Motivos de força maior.


Cotidiano

Porque somes?
Você sabe o quanto eu sou orgulhoso.
Porque você some?
Sabendo que eu sou e fui cafajeste.
Toda a vizinhança sabe que você sumiu.
A fila da padaria sabe que você sumiu.
O mendigo desconfia... Você sumiu.
E não que te conheçam. Não que me conheçam;
Esses bichos sensíveis à mudança, seres cotidianos que são.
Corriqueiros como pães quentes;
Corriqueiros tal qual o meu sorriso;
Cotidianos como a chuva.
Sistema simultâneo; incorrigível; repetidor.
E não que te conheçam. Não que me conheçam.
Não que a padaria tenha fechado.
Mas hoje, pelo segundo dia, não choveu.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Devaneio

Não sou nem me criei parvo
Mas se no rosto carrego a idiotice desse tempo,
Não há no mundo homem capaz de redimir pecados,
Talvez com atos, porém nunca com palavras.

E nessas frases embebidas em álcool,
Discursadas em pensamento, sussurradas em folha,
N’um grito retido de “sobre o que há de fazer?”;
Tudo um refino do meu alambique de idéias.

De certo que não é entre paredes de concreto
Que unicamente hei de encontrar respostas,
Nem mesmo junto a cruzes ou madeira qualquer.
Basta-me o pensamento direcionado qual intrépido.

Mas guarde as frases embebidas em álcool
Por sobre as coisas, mas não os pensamentos.
Rabisque dedicatórias, compre um jornal qualquer.
Comente um livro, mas nunca um verso.

sábado, 30 de janeiro de 2010

Quando me for velho...

Quando me for velho demais
E não puder mais usar minhas mãos para escrever,
Hei de guardar comigo as minhas críticas e meus sentimentos.

E se um dia chegar a ser velho
O bastante ao ponto de não mais andar,
Hei de ficar em casa a ler meu jornal
E correr os olhos aos cantos,
Onde o Estado não quer enxergar.

E se um dia for velho o bastante
Para não mais ouvir e não mais falar,
Hei de pensar somente no passado
E esquecerei de vez o futuro e todas as minhas ambições.

Mas ao ser suficientemente velho
Ao ponto de não mais sentir e não mais lacrimejar e não mais pensar,
E carregar em mim todas as amarras, vendas e mordaças,
Além de todos os ressentimentos e frustrações da minha velhice,
Então nesse dia, hei de ser da política.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Evasiva

Permite-me papel
Que te rabisque os meus sentimentos.
Em frente e costa, em face e verso,
Riscar-te reflexos de dor e alegria,
De risos e angústias.
Que tinta e dor te perpassem as linhas,
Para que dobrado, guarde em ti
O que em mim não pude guardar.
E se um dia te desfizerem as dobras,
E te decifrarem as linhas,
E ao invés de sentirem a alegria que senti,
E de sorverem os risos que ri,
Vierem a sentir a dor que sofri,
E sorver as angústias que padeci,
Então papel te permita queimar.
Pois somente assim incinerados,
Folha e sentimento,
Nenhum mal podem causar.