quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Sabe

Sabe, eu cresci mais nos últimos meses do que nos últimos 5 anos. Eu pensei duas vezes mais e isso por milhões de vezes mais. Eu vi que posso rezar pra pedir uma dor que não é minha e vi que odeio ver quem eu gosto sofrer. Algumas vezes tenho o poder de magoar e todas as vezes me arrependi de me esquecer disso. Sei que posso compreender mas não ser compreendido. Quanto isso me faz pensar em São Francisco?
Vai ver que só eu me entendo e que bobagem me entender. Eu queria poder escolher as pessoas e enviar meu manual com letras graúdas, com marca-texto nas partes importantes. Para a pessoa mais importante saber que não consigo ficar com raiva dela, que talvez a gente brigue porque espera muita coisa do outro. Eu já entendi isso, eu não quero “eu consigo”, eu quero “eu vou tentar”.
Eu tenho medo de perder, talvez por isso eu faça tanta coisa errada.
Mas de agora em diante eu vou tentar perceber mais. Espero que minha palavra valha. Pois quando eu ficar parado eu vou tentar perceber se você vai olhar para trás. E isso vai valer tudo, se me olhar vai saber o que tens na mão.
Acho que a gente sabe quando quer algo, quando sonha com isso, e quando acorda tentando realizar. A prática interpreta pessimamente a teoria mas ela nunca desistiu. Eu faço tanta coisa boa sem querer então porque eu erro tanto quando quero.
Vai ver que é assim mesmo, sem explicação. Pra que a gente sempre tenha do que reclamar na vida, para que essa não perca a graça. Quanto a você, nem sei de mim, mas quando acordo só tem uma pessoa que me significa companhia. Pense bem.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

O último romântico

Esta crônica foi selecionada para publicação na Antologia do 2º Prêmio Proex de Literatura da UFPA.


Guardo parte do meu romantismo em um pote de manteiga, e todas as manhãs ele corriqueira na ausência ou na presença cafeína. Mas não se engane; esse não é o início da história.
No início, o romantismo era levado na aba do chapéu, e por vezes me caiu na tentativa de um vôo inesperado. Eu era novo, ele, malcriado.
Achei melhor, portanto levá-lo no bolso e lá e cá em um tempo ameno apresentava-o. E por vezes foi medrosamente exibido. E quem com interesse o olhou não tardou logo a esquecê-lo.
Então o guardei em uma caixa de sapatos no fundo do armário. Vieram pessoas e me disseram – é frio e cafajeste. Tempos a fio conheci ao meu redor pessoas que andavam descalças por natureza, outras que também guardavam caixas no fundo do armário, embaixo da cama ou no sótão, e ainda outras que há muito já haviam se desfeito do paralelepípedo de papelão. E vivi por muito tempo acreditando saber o propósito de se ter uma caixa de sapatos.
Até que um dia veio alguém de longe e, sem que eu visse, vasculhou meu armário, abriu a caixa de sapatos e, vislumbrada, cuidou do que estava dentro. De fato, por meses isso se repetiu até que ela voltou de onde veio e levou consigo o que guardava o papelão em prisma do fundo do armário. Pouco tempo depois foi minha vez de arrumar minhas malas. Mudei-me sem caixa alguma.
Conheci novos lugares, novas pessoas. Até que um belo dia começo a receber cartas. Leio-as. São como instruções. Sigo-as e renovo a essência que antes guardava no fundo do armário. Porém, nem o destinatário e nem a remetente souberam onde e como guardar o tal conteúdo.
A essa altura, eu já tinha uma caixa e também um armário quando resolvi abandonar tal conteúdo próximo de uma escada. Ouço passos desajeitados pelos degraus, não tarda muito para que a pessoa de passos curtos desça. Então um tropeço acontece. A essência é espalhada por todo lugar, por toda a conversa, em qualquer bom dia.
Ao correr dos dias, das conversas, dos meses, eu percebo que ela realmente sabe o que fazer com o que outrora esteve no fundo do meu armário. Eu o espalho pelos cantos da minha casa, pelas minhas roupas, pelas minhas palavras e ela traz sua essência e a divide comigo. Mas parte do romantismo eu guardo em um pote de goiabada. Pois agora eu sei que caixas de sapatos só servem para sapatos.

ps: Para minha baixinha.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Minha casa

Texto mais recente que fiz nos últimos meses.


O teu colo é meu descanso que só tenho ao encontrar-te.
São seus olhos que me abrem as janelas da minh’alma.
A tua pele é meu chão frio que me amena e me acalma.

Que eu trabalhe a vida inteira para não voltar pra casa,
Pois seu braço é meu aconchego que não encontro em outra parte.
Meu jardim é tua nuca que perfuma a minha sorte.
Para que voltar pra casa se lá não estás pra completar-me?

Tua boca é absinto que me dopa em recaída.
Tuas pernas são paredes que me prendem e me abrigam.
Que eu trabalhe e beba a noite pra curar toda ferida
E não rever a minha casa, pois é dela a minha vida.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Perdão

Para minha baixinha:

Tive a pior noite da minha vida.
Não, você não estava comigo.
Eu fui vil, eu tentei mentir.
Eu que nunca me arrependi,
Agora arrependido estou.
Mas sabes de uma coisa, é uma coisa incrível poder sem o mau orgulho viver.
Eu fui cego, eu fui inconseqüente, eu te machuquei e quase me matei por dentro.
Eu saí, eu não sabia o que fazer, nem soube pedir perdão.
Tenho certeza de não repetir meu erro, senão nunca teria voltado aqui.
Desculpa não te dar flores todos os dias,
Mas encontrei a maneira de você tê-las sempre.
E cada vez que uma gota molhar as pétalas,
É a minha esperança de sua confiança poder saciar.
O nosso amor, que você cultivou desde o primeiro momento,
Eu quero cultivar pra uma vida inteira.