Quando me for velho demais
E não puder mais usar minhas mãos para escrever,
Hei de guardar comigo as minhas críticas e meus sentimentos.
E se um dia chegar a ser velho
O bastante ao ponto de não mais andar,
Hei de ficar em casa a ler meu jornal
E correr os olhos aos cantos,
Onde o Estado não quer enxergar.
E se um dia for velho o bastante
Para não mais ouvir e não mais falar,
Hei de pensar somente no passado
E esquecerei de vez o futuro e todas as minhas ambições.
Mas ao ser suficientemente velho
Ao ponto de não mais sentir e não mais lacrimejar e não mais pensar,
E carregar em mim todas as amarras, vendas e mordaças,
Além de todos os ressentimentos e frustrações da minha velhice,
Então nesse dia, hei de ser da política.
sábado, 30 de janeiro de 2010
sábado, 9 de janeiro de 2010
Evasiva
Permite-me papel
Que te rabisque os meus sentimentos.
Em frente e costa, em face e verso,
Riscar-te reflexos de dor e alegria,
De risos e angústias.
Que tinta e dor te perpassem as linhas,
Para que dobrado, guarde em ti
O que em mim não pude guardar.
E se um dia te desfizerem as dobras,
E te decifrarem as linhas,
E ao invés de sentirem a alegria que senti,
E de sorverem os risos que ri,
Vierem a sentir a dor que sofri,
E sorver as angústias que padeci,
Então papel te permita queimar.
Pois somente assim incinerados,
Folha e sentimento,
Nenhum mal podem causar.
Que te rabisque os meus sentimentos.
Em frente e costa, em face e verso,
Riscar-te reflexos de dor e alegria,
De risos e angústias.
Que tinta e dor te perpassem as linhas,
Para que dobrado, guarde em ti
O que em mim não pude guardar.
E se um dia te desfizerem as dobras,
E te decifrarem as linhas,
E ao invés de sentirem a alegria que senti,
E de sorverem os risos que ri,
Vierem a sentir a dor que sofri,
E sorver as angústias que padeci,
Então papel te permita queimar.
Pois somente assim incinerados,
Folha e sentimento,
Nenhum mal podem causar.
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